quarta-feira, julho 30, 2008

Da Série "Resgate dos mitos populares infantis - ou a sabedoria do folclore do terror n.º 2

A véia Coró se espreguiça na janela, coça um saco imaginário, cospe no chão. Dá uma olhada lá pra fora, arrebitando os beiços carcomidos e a boca sem dentes, e depois de um momento pensativa diz:
Aquela velha sabedoria de que “Boa vida tem o ator pornô” pra mim ta ultrapassada. Um ator pornô já conquistou a realização total da felicidade, já chegou no ponto, não tem graça. Porque não existe expectativa. A felicidade real é ser um cara qualquer que cuida da técnica, que tá sempre por perto, um contra-regras ou iluminador, por exemplo. Sentindo o dia inteiro cheiro de buceta e imaginando com aquela intoxicação maravilhosa toda sonhos de candura e golfinhos pulando da água. É, a felicidade é isto. A eterna possibilidade de imaginar.

3 comentários:

Anônimo disse...

Muito louco, felps...mas acho que você confundiu: É "Velha Coroca" e não "Véia Coró"...rsss...abração

Anônimo disse...

Ahah...muito bom! Abração

Gilson

Anônimo disse...

Fi, ce não acha que o "buceta" ali fica meio deslocado? Não é nada contra a palavra ou qualquer coisa do tipo "horror a palavrões na literatura", mas é que pelo contexto estilístico, acho que é uma palavra que não cabe. Enfim, de resto adorei!