terça-feira, abril 26, 2005

dalson

dalson, o retardado de muletas sem movimentos certos arriscando todo o seu arsenal numa luta sem fim contra seus demônios que não lhe deixam mover a boca pra falar palavras bonitas pra bruninha a morena linda de seus irreais sonhos tronxa e cega sem a perna esquerda mas com uma buceta gigante e um clitóris superdesenvolvido que dalson não consegue chupar porque não controla a língua e aí ele pensa meu deus como pude nascer assim com um cérebro tão pouco desenvolvido que não me permite mandar a língua chupar uma buceta isto é uma injustiça todos não nascerem iguais a estranha anti democracia da pré-vida que faz com que ele se revolte e fale palavrões incontroláveis fingindo não ter controle sobre isso e as pessoas olham pra ele com misericórdia quando a última coisa que quer é misericórdia mas sim um pouco de buceta e prazer nesta vida tão amarga e sem chances pra pessoas como dalson o retardado que num dia de maio de um ano frio e triste enfiou seu corpo nu pra baixo de um penhasco esparramando-se em sangue num chão indiferente sem ao menos saber que bruninha era apaixonada por ele e não tinha nenhum controle sobre seu clitóris.

sexta-feira, abril 22, 2005

Branca de neve e os sete fungadões

espelho, espelho meu,
existe alguém mais xarope do que eu?
no retrato que não é seu
você sente alguma cois pelo meu eu?

(1.º fungadão)

e esta dor no peito
reflexo do amor que não foi
escorrendo rarefeito pelo nariz
pelos canais íntimos
o ritmo do mundo não é mais o mesmo
enquanto esperava, a vida se foi
e eu a lamber seus pentelhos a esmo.

(2.º fungadão)

lembranças mortas no caixão
estão vivas, vivas embaixo do colchão
procurei e procurei o teu estigma de ser minha
confiante um pouco mais, de pau duro um pouco menos
- já ardem as mucosas por não conseguirem mais
seguir o teu rastro.

(3.º fungadão)

tem esta libido constipada
que faz dificil apagar o teu rosto
faço então com o cartão
a forma dos teus peitos
e afundo minha cara
pra amenizar a situação.

(4.º fungadão)

nada demais minha querida
eu não sou o que você sempre quis
cutuquei toda a minha ferida
porque o pus já nada me diz
não sinto dor tampouco vergonha
só uma agitação em procura do gozo.

(5.º fungadão)

o ritmo do mundo já não é mais o mesmo
ou será que o meu é que está enfermo?
o que será de tudo o que já se foi
na confusão ridícula de nossos sentimentos
que não são ou que não estão
neste plano ou no seu.

(6.º fungadão)

posso estar assim sem mais nem menos
perto de você na calçada do céu
passo a passo sem mais cansar
de tocar a ponta de todos os véus
que encobrem teu corpo
e tirá-los, mesmo que, a tarefa de chegar
ao nu de teus pêlos, seja mais uma
escada pro inferno.

(7.º fungadão)

já não sei mais nem meu nome
aquele que está escrito em algum lugar
dentro de você
já não sei nem se posso encontrar
alguma coisa minha
no teu olhar
já nmão sei mais porque o espelho me olha
como se fosse pingar alguma explicação
do meu nariz machucado
quando na verdade
só vejo sangue, pingo a pingo
e toda euforia some pouco a pouco
até não sobrar mais nada
nem um coração que bata.

POST MORTEM

espelho, espelho meu,
quantas vezes você fez de mim alguém
pra me dar um rosto pra falar
pra me dar um rosto pra chorar
pra me dar um rosto simplesmente
eu sei que sou o espelho
mas todos os dias você me fez gente
e agora, porque quebra minha superfície
com o peso da face que me deu sentido em amar
qualquer coisa fora de mim?