quarta-feira, janeiro 15, 2014

IV (Work in progress)

Pesadelo narcisista:
não conseguir ficar só
com seus pensamentos.

memento mori
como única verdade
num promissor oceano
de sentimentos.

e se, grosso modo,
não se abster, alcoólico,
de um fundamento nobre,
e querer viver?

morrerá, é claro, este voto
egocentro informe
dentro dum esgoto in love
com apetrechos de morte?

(Qual a esperança dos homens fadados
inexoravelmente,  meu deus, a um fado tipo português mais do que ao ethos grego?)

terei eu força suficiente
para caminhar
por uma destas belas ruas
em chuva cinzenta
sem estar lá?
conseguirei ver, de olhos fechados,
beleza nas paisagens sem cor?
pois admite-se a inércia de um olmo
sem sentir-lhe o movimento com o rosto
agarra-se afoito
insubstancial engodo
como salvo-
conduto
à fragilidade da vida
(e não se tem nas mãos
mais do que rasas permutas
entre o “eu” e o “você”.)

Sentir é tão-somente a única verdade.
O único mistério, posto que
é tênue e concreto
lado
a
lado
com seu mistério.

E se, nesta insustentável equação,
uno-me aos (h)unos,
explorar vãos
em busca de possíveis enigmas
e nada encontrar
como possível solução?

Que roguem filosofias e abismos
jogarei uma pedrinha
no lago imaginário
da razão
dará conta
do outro lado
     a imaginação

(e talvez seja esta
          a única proporção
entre a vida e a morte
mais ou menos
entre_tantos “únicos” senãos.

(...)