sexta-feira, junho 03, 2005

Freud e a viadagem: associações bizarras através de estranhas conexões cerebrais

hoje fui no sexólogo. sim, de SEXO. aquele mesmo que trata casais em crise ou palestra sobre sexo seguro pra jovens, tudo muito didaticamente, é claro, como se sexo fosse como montar uma barraca no meio do mato ou coisa assim. hein? ah não, nada demais...só alguns distúrbios realmente muito sérios meus, falta de orientação sexual e mais algumas coisinhas que, sabem, andou incomodando minha vida aí nestes últimos tempos. mas tem uma outra coisa, que na verdade é o real motivo de perturbação e me levou até esta situação embaracosa. depois de um trauma amoroso (do amor que não foi!!?), começou-se a se desenvolver uma bizarria um tanto curiosa com minha pessoa. EU SOU VIADO. esta idéia começou a me perseguir como uma obsessão paranóica sem precedentes. me lembrou um TOC, com aquela coisa toda da idéia obsessiva e o ato físico pra sanar a idéia, mas o meu funcionava da seguinte maneira: vinha a idéia obsessiva da viadagem, tipo olhar homens e sentir uma “estranha sensação” e associar isto à desejo, e então uma punheta pra sanar a idéia, lógico, pensando em viadagem e toda besteirada tal. longas horas tensas em um mês assim me levaram a virar um PUNHETEIRO de carterinha e pulso firme, quer dizer, mole (mesmo por causa do tema da situação), pra poder facilitar o ato. então eu estou lá, neste tal consultório com o tal SEXÓlogo, divagando sobre bizarrias fantasiosas de uma mente “expandida”, espondo a situação quase que cientificamente.
“eu tenho um pensamento e uma sensação de que estou com trejeitos de viado...bem, sinto que estou com o pulso esquerdo meio molengão, caído, engraçado porque é só o esquerdo, mas também sinto jeitinho meio esquisito e...” ele olha enviesado pra mim. “porra, desde que vc chegou aqui e já faz uma hora, eu não vi em você nenhum sinal de bichice.” "mas quanto às punhetas e os pensamentos obsessivos?” eu insisto, como um masoquista. “é natural, cara, depois de tantas pressões, situações embraçosas, traumas amorosos, que você esteja vivenciando este tipo de coisa...lembra o negócio lá do regressivo do Freud?” eu reflito, e depois de toda sessão mesmo, me sinto mais aliviado da ansiedade e um pouco mais lúcido. finalmente pergunto, “tá, mas doutor, e agora o que que eu faço pra salvar toda esta situação e sei lá, ser uma pessoa com a sexualidade em dia?”. a resposta clássica: “PELO AMOR DE DEUS, PARE DE LER FREUD!”

quarta-feira, junho 01, 2005

estranhas reflexões numa noite de quarta sobre pessoas e a busca pelo inferno

muitas pessoas, às vezes até muito próximas, vêm até mim querendo conhecer o "submundo". buscam a degenerescência, a decadência, o limiar, aquela fronteira invisível entre a sanidade e o descontrole, este descontrole gerado pelas privações as mais diversas. elas querem conhecer A Perturbação, porque se sentem melhores consigo mesmas, se sentem fortes diante de seu mundo plástico e falso, isto lhes tira a culpa de viver à margem do que realmente é, à margem de toda podridão e excreção. o problema é que isso nunca vai vir até eles, porque eles realmente não têm A Perturbação dentro de si. uns poucos a têm, mas nunca tiveram culhões de destrinchá-la com a necessária dose de honestidade e penetrarem no âmago da situação toda. costumam julgar e culpar todo tipo de ato que fuja às diretrizes normais de uma sociedade perfeitamente moral. "oh, meu deus, como ele pôde fazer uma coisa dessas?" é uma pergunta pertinente em seus cérebros enojados ao verem um ser demoníaco assumir uma atitude infantil diante de um estímulo razoavelmente supérfluo, como agarrar uma garrafa e sair em busca da jugular do garçom que lhe pediu pra baixar o tom da voz diante de uma mulher porque estava assustando os outros clientes ou mesmo perturbando o estupor dos outros bêbados de almas sugadas. a verdade, como um amigo meu já me dissera, é que eles têm a vontade de fazer tudo ou quase tudo o que estes degenerados fazem, mas lhes faltam culhões. eles queriam testar seus próprios limites em busca da revelação e verdade e de uma existência humana mais digna e autêntica, mas isto provavelmente iria contra os parâmetros da normalidade e do aceitável, o que inevitavelmente provocaria conflito e dor. então conhecer alguém que lhes proporcione este contato indireto com a realidade parece lhes deixar satisfeitos e bem consigo mesmo. provavelmente dirão: ok, eu conheço esta raça, eu sei lidar com eles, eu sou foda, me respeitem, eu não estu por fora. de qualquer forma não é uma escolha muito sensata buscar o inferno nos dias de hoje. pode-se encontrar o diabo em pessoa e o mais terrível é ter consciência de que ele pode ser VOCÊ mesmo.