quarta-feira, abril 25, 2007

quinta-feira, abril 12, 2007

curitiba, sua filha da puta (2.º versão trabalhada)

curitiba, minha cara
os poetas estão nascendo
no teu seio raro
estão bebendo
teu leite amargo
nas esquinas de todos os bares

olhe pra dentro de nós
porque estamos olhando
através de você
(as palavras que amamos
enquanto morremos)

os verdadeiros poetas
sabem como te acariciar
(com um pinto debaixo das pernas
e não com óculos em cima da mesa)

cidade maldita, você não é poesia
apenas escreve certo
por calçadas certas
a vida torta dos heróis à revelia
vive ao avesso
a contradição perfeita de suas avenidas

agora mesmo, na praça tiradentes
os anjos caídos dormem a insônia das latas
o gole vai tirando a fé dos crentes
e joga seus filhos pra longe de suas saias

o futuro poético
vai tropeçando aos teus botecos,
mija errado na sarjeta,
nos caminhos incertos
sua madrugada de silêncio
gritada aos ventos

os poetas querem recitar:
mas você enrolou a língua deles

curitiba, sua filha da
puta fica comigo...
e me transforma em poeta também.