domingo, julho 20, 2008

As tetas e o câncer de mama do meu tempo

“preciosos nódulos de seios
prazer de um degelo
tumba de qualquer desejo”

(em que o autor descobre a patologia de nosso tempo)

escorrendo por esta noite mórbida de céus atômicos, um tanto dóceis, delicados talvez? quem sabe, nesta noite em que temos apenas a presença da rainha branca formigando lá no céu, anões de jardim nas salas de estar dos vizinhos, o amor rebentando, chepas esgotando-se e a preciosa veia artística dos sedutores aflorando em paisagens nuas sem sentido, o ignóbil fruto sedutor dos artistas emergindo de pátios de recreação, com um parquinho bem sotisficado, tem de-se aquelas casinhas toda trabalhadas, com mil e um brinquedos, como o escorregador, a balança feita de pneu, umas argolas esquisitas e toda parafernália. Eis o tempo que se foi, o meu tempo, quando não existiam destas coisas. Mas meu tempo não importa, não é o tempo de ninguém, não pertence aos nodosos bêbados das noites excitantes como um quadro hiper-moderno numa pretensa exposição de arte moderna de uma bienal instigante e grandiloquente (as obras de arte falam, não ficam mudas, é bom ressaltar isto), nem aos insetos intelectuais tsc tscando em torno de nossas orelhas em todos estes lugares meio cool que insistimos de visitar por pensar em qualquer coisa profunda em nós, alheia a toda e vã filosofia, enfim, por merda nenhuma! , não pertence obstante aos decentes homens de terno caminhando austeros e bem resolvidos. Meu tempo não pertence a ninguém! Meu tempo está dissoluto, entranhado em meus dentes para ser mastigado, até eu decidir cuspir esta porcalhada pelos banheiros infestados de vômitos de uma bodega qualquer pelos arredores da city. Não há meu tempo, porque eu ainda não o criei, that´s all.

“flácidos seios
porque a idade veio?
para trazer solidão ao desejo”

(A conclusão de FMAN é atacada pela consciência negra de seu envolvimento com a patologia e documenta a descoberta como “Análises egocêntricas”)

estamos na era das tetas caídas. Pudera, chuparam todas. Eu mesmo dei umas bicadas em algumas por aí, é claro, orgulho inclusive (como na chamada popular) mamar nas tetas do governo por um bom tempo. Há que se mamar também em tetas beatíficas, para termos certa dose de paz espiritual. Para os prazeres da carne,as tetas das ninfas que habitam nosso ecossistema.
Entretanto esta é a era das tetas caídas e eu faço parte dela.

Não há morte mais singela para o artista.

Um comentário:

Anônimo disse...

Ficou insano, Felipo. Mas tem uma lógica perturbadora, gostei. Parece fruto de uma mente desconexa que dita verdades inauditas. Como um bufão, rs. É isto aí. Abração


Douglas