sábado, setembro 13, 2008

Resgate dos mitos populares da infância ou a sabedoria do folclore do terror n.º 4

O Bicho-papão é um ser com forma em “oito”. Acima da curvatura anterior ficam seus longos caninos acompanhados da bocarra. Os olhos estão por ali também e, no fundo, olhando para aquele sorriso maligno e para aqueles olhos perversos, pode-se definí-lo como um pac-man degenerado. Ou uma versão corrompida de um smile. Ele avança ameaçadoramente para frente enquanto fala.
- O quê? A Cuca? A cuca não vem pegar mais...ehehehehe...não vem, não. Eu sei.
Ele tenta abocanhar a mão de uma das pessoas, mas não consegue.
- Alguém pode me dar água no copo? – aperta os olhos em súplica. – Ah, droga...mim, eu...não ter educanação. É, é educanação sim. Iaoiaoaiaoiaoaiaoail....hihiihi...prometo não mordê mais ninguém. Sua voz grave ecoa pelo salão.

5 comentários:

Anônimo disse...

Genial esta tua série, fman...consegui imaginar nitidamente o "grotesco" Bicho-Papão,rs. O melhor é que vc não faz a descrição completa; possibilita uma interação mais lúdica com o leitor. Estou louco pra ver os próximos "lançamentos", rs. abraço

Alexandre França disse...

"versão corrompida de um smile" é genial...vou ler os outros e depois comento melhor. abs

Alexandre França disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Alexandre França disse...

li todos eles. Achei a idéia genial (e realmente a crítica de que vc "não teria uma voz ainda", na minha opinião, não cabe). Os textos possuem uma unidade, e um estilo bem definido. O que me incomodou, na verdade, é a secura de todos eles (o que poderia definir um estilo...herança do Trevisan?). Eles colocam a situação, simplesmente. Senti falta de um "porque" dos mitos falarem daquela forma e/ou sobre aquilo tudo. Ou melhor, senti falta de uma amarração melhor do que acontece com esta "revisita de mitos". Acho que poderia caber um contexto maior, uma climatização maior, personagens (de repente uma greve de mitos da infância, se bem que isto já foi utilizado no filme "monstros S.A" da pixar, heheheh). Ou uma criança, que sem querer ouviu os mitos conversando no fumodromo das mitologias. Ainda, me parece, que é uma idéia em estado bruto. Mas repito: genial. O contraste entre uma linguagem "adulta" e os "monstrinhos" da infância, acho que daria mais caldo. Suas imagens são fortes (mistura clara de cultura pop com algo relacionado a clássicos da literatura, um fluxo meio Henry Miller...não exatamente ele, mas enfim, o texto flui bem), e mesmo em momentos arriscados, que são colocadas definições a cerca da felicidade e outras coisas que definem e falam sobre uma verdade interna sua, na minha opinião, você acerta. Então, neste sentido, está meio caminho andado (vc possui a "voz", Fillipo! ou alguma coisa de ordem paranormal, heheheh). Massa. Vamos nos falando. Abração.

Anônimo disse...

Porra! Eu adooooro este texto! P q vc não posta a versão final, meu mão-pretinha??

Mary.