terça-feira, março 28, 2006

curitiba, sua filha da puta (1.ª e rudimentar versão)

curitiba, minha cara
os poetas estão nascendo no teu seio raro
estão bebendo do teu leite amargo
nas esquinas de todos os bares

olhe pra dentro de nós
porque estamos
olhando através de você
as palavras que amamos
enquanto morremos

os verdadeiros poetas
sabem como te acariciar
com um pinto por debaixo das pernas
e não uma mesa e os óculos em cima da mesa

cidade maldita, você não é poesia
apenas escreve certo por calçadas certas
a vida torta dos heróis à revelia
vive ao avesso
a contradição perfeita de suas avenidas

o futuro póético
está nos teus botecos,
na sarjeta,
nos caminhos incertos
de sua madrugada de silêncio
gritada aos ventos

na praça tiradentes
os anjos caídos dormem
a insônia das latas
o gole tira a fé dos crentes

os poetas querem recitar:
mas você enrolou a língua deles

curitiba, sua filha da puta
fica comigo...
e me transforma em poeta também.

Um comentário:

Alexandre França disse...

Do caralho! Curitiba é uma vadia filha da puta mesmo. Abraço