segunda-feira, dezembro 14, 2009

FMAN RECOMENDA

Apresento-lhes o trabalho de meu estimado e querido amigo, Daniel Seleme. O cara sempre escondeu seu intenso talento de todos, mas nunca me enganou. Graças aos bons deuses ele resolveu lançar um blog e publicar seus segredos. O endereço tá nos meus links. Confiram.
O Daniel é uma dessas pessoas de sabedoria e de olhar perscrutador, sempre curioso, tentando ir aonde nenhum homem jamais foi. Principalmente para dentro de si. Seu texto é tão poderoso, sincero e cheio de verdades e de uma visão poética que fui obrigado a reproduzi-lo aqui. Divirtam-se, canalhas!
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EXCERTOS

Vida! Vida Vida, Allen. Veja só como as cidades pulsam vida. Veja o que o tropical verão do Brasil proporciona aos que o habitam. Ruas tomadas pelo sabor do sexo destilam essências estimulantes meu caro; afrodisíaco potencializado em fodas incessantes e trepadas que fariam o bom Marquês gozar atrás das grades. Sede! Orgasmo infinito e encantador. Culotes! Carros envenenados deslizam nas porras das esquinas e as prostitutas constrangidas com esse bacanal que o povo de cá brinca de viver.
Onde vais? Onde vou? Quando o mundo acabar colete suas coisas e venha comigo. O dia em que o mundo acabar estaremos mentindo na cama e você virá comigo, até o mundo acabar, não é mesmo DmBand? E agora que ele já foi...rss, aproveite. Fumaça, a cama está em chamas e eu nú fumando este tabaco, brasa maldita, minha fogueira, não sou bruxo não. Talvez um brincalhão, vento das sublimes florestas nipônicas. Agora o quarto ruborizou e as paredes escarlates fundem sombrias sombras que dançam a moda cigana. A cafeína preta ferve, obrigado. Um drink para lembrar e outro para esquecer, mais um drink e eu me irei. Hoje a Graça virá ao meu encontro e lhe oferecerei um drink, sorriso estampado e logo suas pernas se abrindo ainda mais contagiantes e receptivas, sanduíches de joelhos. Sim, sei que ela gosta quando os pressiono. E quando escorrega os braços desnudos sobre a mesa do bar. Depois sob as vestes e os olhares vermelhos dos que nos acompanham, desce até o eriçar da alma arrepiar num convite inevitável.
Alguns dias com uma dose de angústia, trancado na quitinete, ouvindo músicas e pensando o que poderia fazer, observo de perto as semanas correrem a galopadas. Nesta época posso considerar poucos caminhos visíveis em que me engendre a contento, por isso, optei em não fazer, fazer nada e deixar o tempo revelar novas hipóteses. Algumas mais nítidas. Talvez ainda não tenha entendido alguma escolha que esteja à minha frente. Matuto e penso, observo e tudo que vejo é a estrada através das janelas da minha jaula, que escondo as chaves em baixo do travesseiro e durante a noite, durante os sonhos, liberto para trilhar feliz a vida sem pormenores, intensa, dentro daquilo que realmente importa.
O duro preço da solidão é o amargo que impregna e sufoca em momentos de fraquejo. O músico do bar repete os mesmos versos; os bêbados continuam se arrastando pelas sarjetas; as terríveis mulheres tornam a foder com todos; as queridas nos tranqüilizam, o alvorecer do dia sepulta-nos vampiros; vampiros, até que o período do qual somos escravos chame-nos e o ciclo demoníaco continue. Ainda assim olho fixamente para a estrada florida da vida. Pesaroso, aguardo minha santa carona que conduzirá até o limite; assim torno-me livre e interajo com o vasto vazio.

- DANIEL SELEME - de sua série "Absurdos do Baú", parecida com a minha "B-sides", mas com a diferença de ser textos excelentes que ele esqueceu na gaveta.

3 comentários:

tecatatau disse...

caramba, você andou mundando a verve, ulálá. abraços

Daniel S Trouche disse...

Meu valioso amigo, a lisonja por sua amizade e estímulo superam e muito qualquer palavra ou tentativa de comunicar esse “olá, minha face aqui, estou terminando de engolir uma cobra”. E já com a barriga entupida te digo, foi nos gramados de Berlim, ao som de Tchaikovsky, que compreendi notas musicais invisíveis galgando para cima, como escadas rolantes para o céu.

Abraços

Anônimo disse...

bom mesmo! linkado, daniel... abs...