Bom, como deve ser, mencionei Jorge no meu texto abaixo, mas fiquei devendo a apreciação do que é sua poesia. Pois bem, corrijo a falta aqui e publico um de seus mais recentes poemas, seguido de algumas apreciações sobre sua poesia.
meu anjo da guarda
me pegou cagando
para Vanderlei Weschenfelder, a escultura
meu flato fanho assobia
uma melodia gasosa
com suas flores amorfas.
e em sua epifania
(nem de ontem ou agora),
a gula viva de outrora
anuncia minha intestina
agonia infinita.
véspera de hecatombes
onde, entre os homens,
borbulho o que sinto
e invejoso me vingo
de seus horizontes.
o ar de suas alegrias, definho
sem jeito, como ou aonde,
solto mil bois divinos.
infesto a eternidade
com odor duvidoso
de tênue bondade,
mas cobiço as beldades
e os tesouros dos outros.
quando pensam que dôo
a lei da gravidade,
flutuo, explodo,
me pegou cagando
para Vanderlei Weschenfelder, a escultura
meu flato fanho assobia
uma melodia gasosa
com suas flores amorfas.
e em sua epifania
(nem de ontem ou agora),
a gula viva de outrora
anuncia minha intestina
agonia infinita.
véspera de hecatombes
onde, entre os homens,
borbulho o que sinto
e invejoso me vingo
de seus horizontes.
o ar de suas alegrias, definho
sem jeito, como ou aonde,
solto mil bois divinos.
infesto a eternidade
com odor duvidoso
de tênue bondade,
mas cobiço as beldades
e os tesouros dos outros.
quando pensam que dôo
a lei da gravidade,
flutuo, explodo,
espalho meus vícios
por todos os poros
e se a alma expio,
relaxo com reforços.
se existe o difícil
(é disto que eu gosto),
desloco o impossível
por isto me borro.
a comédia divina
percorre minhas vísceras
em onírica soberba.
como reza a bíblia,
sem eira e nem beira,
da cósmica poeira chega
e fina o que se destina,
a merda em suas bigas
no cu do mundo,
na casa do orvalho,
o jardim das delícias, fundo
e afundo no ato falho,
alhos com bugalhos.
meu desejo confundo
ao todo confuso,
lúbrico no sanitário
esqueço onde estava
e pelo espaço errando,
caíram minhas máscaras
no vaso urrando
só, na ira, não podia nada,
isto foi quando
meu anjo da guardame pegou cagando.
Três apreciações sobre a obra de Jorge Barbosa Filho
1) nada fácio prefácio
...nem limão, nem lisérgico: ácido! Jorge Barbosa Filho arranha com palavras de aço nervos de prata. Lustra ouro esfregando-o bruto no couro e tirando couro da hipocrisia e da covardia da manipulada mídia. Sua poesia não fantasia azia: aziaga quem tem sorte comprada, esfregando na cara a vergonha vazia da burguesia. Qual adaga afiada, fia na carne seu filete de sangue: sangra Capta e rapta os valores do mundo, indo fundo e fundando um fogão para cozinhar diamantes e pérolas. Com esse poeta, toda palavra é pouca, fica rouca e esvai-se à poesia muito louca.
tavinho paes
...nem limão, nem lisérgico: ácido! Jorge Barbosa Filho arranha com palavras de aço nervos de prata. Lustra ouro esfregando-o bruto no couro e tirando couro da hipocrisia e da covardia da manipulada mídia. Sua poesia não fantasia azia: aziaga quem tem sorte comprada, esfregando na cara a vergonha vazia da burguesia. Qual adaga afiada, fia na carne seu filete de sangue: sangra Capta e rapta os valores do mundo, indo fundo e fundando um fogão para cozinhar diamantes e pérolas. Com esse poeta, toda palavra é pouca, fica rouca e esvai-se à poesia muito louca.
tavinho paes
2) A poesia de Transcendência zero é direta feita um não. E o monossílabo vem, assim, na cara. Mas é um não que tem ginga, malandragem, rodagem... E isso diferencia essa poesia daquela que costumo dizer por aí que já me encheu o saco (aquela dos falsos marginais que... bom... deixa pra lá... fica pra outra, pois aqui não há espaço e fecho logo esse parêntese). Sei me contemporizar com a malandragem de um poeta. Identifico (pelo vorticismo poundiano da imagem refletida no acoplamento de espelhos), indícios de pelo menos dois tipos de malandragem poética. Primeiro: Glauco Mattoso. A ausência da forma (ou “fôrma”, como o próprio Glauco me disse certa vez em São Paulo, recém-cego e com a cara lambuzada de maionese vinda de um lanche “beirute”), o que não é necessariamente um problema, considerando que muitos poetas simplesmente caem do cavalo ao tentarem domar a poesia pela técnica como se o bicho fosse domesticável, e, deste modo, aqui, passa a interessar que o verso igualmente desboca, abre as pregas e expõe as firulas da literatura, do status quo, da vida e escancara o que, particularmente, mais me agrada: o quanto a poesia não é literatura. Bufem à vontade, nobres leitores, mas poesia não é literatura.
Aliás, é o que liga a malandragem da poesia do Jorge Barbosa à malandragem do outro malandro, o segundo: Aldir Blanc. A faísca deste gênio da poesia cantável feita de becos & bares & bebedeiras, o autor soube traficá-la para os seus poemas sem perder a devida originalidade. Justamente porque o autor esbanja vadiação. O samba do subúrbio, que rodeia a bela Rio de Janeiro e respira nas entranhas da música brasileira está neste livro que está nas suas mãos, caro leitor. Aproveite bem essa poesia, entra com tudo neste livro e só saia dele cantarolando. Dou até a dica. Que tal o talvez melhor poema-samba do livro: “Que diabo é esse?” Uma palhinha: “um poema com o diabo no corpo / fuma as encruzilhadas, / entre a escrita e a fala / acende versos negros / e reza ciladas.” Demais, não? Um brinde ao Jorge, o último marginal!
Ricardo Corona
Aliás, é o que liga a malandragem da poesia do Jorge Barbosa à malandragem do outro malandro, o segundo: Aldir Blanc. A faísca deste gênio da poesia cantável feita de becos & bares & bebedeiras, o autor soube traficá-la para os seus poemas sem perder a devida originalidade. Justamente porque o autor esbanja vadiação. O samba do subúrbio, que rodeia a bela Rio de Janeiro e respira nas entranhas da música brasileira está neste livro que está nas suas mãos, caro leitor. Aproveite bem essa poesia, entra com tudo neste livro e só saia dele cantarolando. Dou até a dica. Que tal o talvez melhor poema-samba do livro: “Que diabo é esse?” Uma palhinha: “um poema com o diabo no corpo / fuma as encruzilhadas, / entre a escrita e a fala / acende versos negros / e reza ciladas.” Demais, não? Um brinde ao Jorge, o último marginal!
Ricardo Corona
3) Carta de Jaques Brand a Jorge B.F
Tive a ocasião de conhecer os "Buquês de Alfafa"(Leprevost e França mos deram um exemplar, avaramentedisputado a tapas) e fiquei pasmo com a altíssima tensão e ironia poéticas de praticamente todos os poemas. Cara, Vc é um artista de primeira grandeza!Aliás reencontrei um poema que já havia visto num jornal da faculdade há anos, na companhia de um do Koproski, e já na época havia admirado extensa eintensamente, aquele da mijada, da lua tola lia minha distante caligrafia. Mas mão o associava à sua assinatura. Um dos efeitos da leitura dos "Buquês" foi aumentar o meu sentimento de culpa por não tê-lo recebido de braços abertos, digamos assim, por ocasião dos trabalhos do Jornal da Biblioteca. Meu único álibi é que eu não sabia que Vc era um poeta assim porreta!Parabéns, se é que a grande poesia merece conhece esse tipo de reconhecimento. Puta que o pariu, o Jorge Barbosa é um Poeta maiúsculo,superlativo.
Abração de Ano Novo e de todo o tempo, com os melhores votos e a admiração do Jaques Brand
Portanto, leitores do blog, quem tiver oportunidade, procure se informar sobre o Poeta!
3 comentários:
yepy... nós somos amigos ainda????
Grande trabalho. Espectacular,mesmo. Só ao nível do nosso grandioso e saudoso Castro Alves, poeta brasileiro (in "Espumas Flutuantes", Salvador da Bahia, 1870).
Parabéns.
hola,
quisiera pedirte un favor.Yo ando buscando un Jorge Barbosa Filho que conoci hace 25 años y bien podria haber devenido en poeta! Qué edad tiene este Jorge-poeta? Dónde nació? Algún dato más? Mi nombre es Graciela Nasini y soy argentina. Espero tu respuesta! Gracias!
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