Eu só vejo loucura por onde passo. É uma patologia de meus olhos, entendem, uma vez que ele é o filtro desse simulacro de realidade chamada vida. Olharmo-nos em espelhos retorcidos, figuras angustiantes produto de suas próprias mentalidades capciosas ou então fogosas, quem sabe? Eu me lembro de Atlantis, ou não, talvez seja Atlântida, diabos, aquela cidade perdida na história e no tempo, a civilização incrível, a destruidora cultural avançada deusa dos verdadeiros homens.
Através de um filtro razoável é possível dialogar com grandes criaturas do passado. Manter aquele, hum, papo amigável (piscada), sem pretensões. Sócrates, por exemplo. Por meio de uma música como “Rear View Mirror” eu consigo cantar o filósofo-mor a cuspir suas realidades possíveis. Com um drible de lábios mafiosos é que é possível encantar o mundo, um meio de solavancar as estruturas sólidas, chacoalhar a cabeça dos que estão enfurnados em máquinas como aquelas de fazer permanente. "No final das contas, teu tempo é um tempo estranho. É um verdadeiro salão de belezas cheio daquelas peruas ostentadoras enfurnadas dentro de máquinas de fazer permanente." O tempo permanente é uma ilusão, caro Sócrates. Necessitamos de uma boa dose da senhora História para cogitarmos uma possibilidade de entendimento de nosso universo próprio. O tempo é intangível, na medida de que ele não aflui sozinho, mas precisa de sopro de vento que lhe empurre. Não importa a direção, mesmo quando damos uma direção certa ao nosso fôlego, há possibilidades de desvio. "Você tenta disfarçar o imenso embaraço que tem pela tua época." Eu estou na época certa, aquela em que precisamente nasci. A época em que nascemos será sempre a perfeita para nós, pelo simples fato de que FOI NELA em que nascemos, entende???
Enfada-me a conversa com Sócrates. Deixo ele para me permitir um prazer mais sincero: um Marlboro e uma cerveja. Talvez seja isso meu tempo, um bocejo seguido de cigarros e cervejas. Enquanto uma vela se apaga lentamente às 05:46 da manhã de segunda feira (bad trips quando lembro disso) eu fico aqui tentando obcecadamente definir meu Tempo. Me embaralho com referências pop, suores ansiosos, pílulas para dormir, um grande contentamento pela uniformização pela passividade, pretensões publicitárias de ativistas pré-históricos, e por aí vai. O fato é que, definitivamente, tento colocar na cabeça que não tenho tempo para este blá, blá, blá todo.
Quem sabe eu não veja só loucura. Existem momentos bons, agradáveis. Atlântida está bem aqui, muito provavelmente nalguma música. Os olhos podem ter filtros, mas os ouvidos não. No fundo, é desta maneira que deve funcionar aqui na nossa economia: arranca-se um braço para poder utilizar outro.
Hora de terminar.
5 comentários:
tuas madrugadas andam meio melancólicas! Falei que ce devia ter ido no bar, mas porra, ia te privar de escrever estas pérolas! Abraços, velhinho. Apareça.
Concordo com a definição de "filosofia do nosso tempo", mas mais ainda com a definição da "nossa economia". Acho que está na hora de vc mandar o relativismo das "visões possíveis" pra puta que pariu e ouvir bem (olha quem fala)... Adorei! Melhor texto em muito tempo!
Espero que este seja só um começo, pois essa discussão (com vc e com o Sócrates) mto me interessa!
Bjinhos no popô!
A propósito... o Sócrates é irmão do Raí? É isso????
Achei uma bosta. Mas quero mesmo é falar do teu texto da "revolução". Parece-me que você não entende nada sobre o assunto. Creio que você é mais uma daquelas pessoas que metem o pau, mas não fazem nada para mudar este sistema porco e ultrapassado. A revolução russa foi uma das grandes vitórias da humanidade. O pior é que você não exnerga a si próprio nisto tudo, escrevendo estas bostas de fluxo de consciência que não tem sentido nenhum, aposto muito que você deva se entupir de drogas ou alcóol e deixa vir qualquer coisa ao papel, e ainda ache que tudo istoseja "arte" ou algo muito "espirituoso". Se liga! Arte é muito mais do que isso! Deve ser engajada e trabalhada! No final das contas, parafraseando seu título, teus textos é que vão do nada ao nada!
belo, belo
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